Nom é um segredo que o atual galego promovido polas instituiçons é umha estranha mistura entre o que um dia foi a nossa língua e o castelhano. Também nom é surpreendente, temos de ser conscientes de que levamos experimentando um processo de substituiçom lingüística durante aproximadamente 500 anos, com um galego relegado à oralidade durante séculos, impedindo a normativizaçom que si levárom a cabo línguas como o castelhano.

Com a chegada da —suposta— democracia ao Estado espanhol e a redaçom do Estatuto de Autonomia da Galiza de 1981, a teórica normalizaçom que ia sentir o galego precisava dumha norma que o colocasse num plano formal-estándar. Foi deste jeito que nascêrom as Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego en 1982, que se tornariam oficiais com a aprovaçom em 1983 da Lei de normalización lingüística. Esta norma, elaborada polo Instituto Galego da Lingua (ILG) e a Real Academia Galega (RAG) de maneira impositiva e sem consenso, contou com a oposiçom de sectores reintegracionistas. De facto, a Associaçom Galega da Língua (AGAL) publicou um estudo crítico da norma ILG-RAG em 1983. Nel, solicitavam a aposta polo reintegracionismo de máximos, que acabaria por se refletir como o «reintegracionismo de mínimos» na revisom da norma em 2003. Porque si, temos umha norma cuja última revisom foi há 22 anos.
Depois deste breve contexto histórico, gostaria de reflexionarmos sobre o título deste artigo: «Binormativismo: ponte para a soluçom». Pode o binormativismo solucionar os graves problemas que padece a língua galega? Pode, mas só como um meio. Do meu ponto de vista, o binormativismo só faria sentido como ponte para chegarmos a um consenso social e apostarmos por umha única norma que respeitasse a língua a partir de critérios filológicos e depurada de castelhanismos. O problema da norma ILG-RAG é que nos trata como crianças, como se as galegas nom fôssemos capazes de entender umha língua. Sempre fago a mesma metáfora: se vos fixades, nos tradutores em linha temos as opçons de «chinês tradicional» e «chinês simplificado»; para mim a situaçom do galego da Galiza é a mesma, temos a possibilidade dum galego universal, forte e digno «galego tradicional», mas, por motivos políticos de submissom e covardia, temos um galego automarginal e imitador da língua colonial «galego simplificado».
Como docente, vejo o alunado totalmente perdido no que respeita ao galego: é visto como umha língua estrangeira e quase invisível no dia a dia. A norma que se ensina é castelhanizada por si, mas imaginai o que é tentar construir duas frases seguidas em galego para umha adolescente monolingüe em castelhano. Em que resulta isto? Pois na introduçom de léxico ilegítimo (*pulpo e nom «polvo»), desviaçons semánticas (uso de «inverter» com o sentido de ‘investir’), estruturas morfossintáticas deturpadas (formaçom do CD com a preposiçom «a»), mesmo no plano verbal temos deviaçons (indistinçom do pretérito mais que perfeito [«fora»] e do pretérito do conjuntivo [«fosse»], eliminaçom progressiva de tempos genuínos como o infinitivo pessoal ou o futuro do conjuntivo…). Todo ante a inaçom dum governo do PP e dumhas instituiçons lingüísticas que ignoram o dano que fai a norma que promovem. Porque sempre se ataca o reintegracionismo com o tema da grafia, que é importante, mas é muito mais preocupante o desmantelamento que acabo de exemplificar do nosso sistema lingüístico nos planos morfológico ou sintático.
Olho, porque neste caminho nom estamos sozinhas. Podemos encontrar outros exemplos de binormativismo em países que se apresentam como «modelo», nomeadamente, a Noruega. No país escandinavo contam com duas normas amparadas legalmente e com liberdade de uso para a sua populaçom, sendo possível mesmo comunicar-se com a administraçom numha ou noutra. Existe algo mais libertador que aprender e ter a capacidade, através da informaçom, de decidirmos criticamente? Essa é a ponte: oferecer o conhecemento lingüístico à nossa sociedade para, com consciência, decidirmos se queremos ser um recuncho marginal ou apostar por (re)conectar com o sistema lingüístico e cultural de que nos separárom à força. Em definitiva, reconectar com o nosso sistema.