E COM QUEM VOU NO MUNDIAL? Artigo Nuno G. Alves

Nuno G. Alves

As galegas e os galegos sim temos pátria. Porém, é, na prática, proibida, ocultada e tratada como irrelevante. O desporto nom é exceçom e acontece a muitas galegas e galegos a falha de representaçom real em qualquer competiçom desportiva a nível internacional. Todos os povos do mundo precisam dumha identidade. No nosso caso, é umha realidade que a única alternativa oferecida de jeito dominante é a obriga de nos identificarmos com Espanha e a sua simbologia. Esta imposiçom dá lugar, de maneira mui resumida, a quatro tipos de comportamento na sociedade galega:  quem tem sentimento espanhol e porta com orgulho a simbologia espanhola nas competiçons; quem nom tem sentimento espanhol, mas normaliza e utiliza a simbologia espanhola no ámbito desportivo; quem nom tem sentimento espanhol e rejeita qualquer tipo de simbologia espanhola, mas sim celebra as vitórias das equipas espanholas; e, por último, quem nom tem sentimento espanhol e rejeita, nom só a utilizaçom da simbologia, senom também cair no engano da assimilaçom espanholista, chegando a se alegrar polas vitórias das equipas contrárias. Naturalmente, eu som dos que me identifico com este último comportamento, pois nom me podo alegrar polas vitórias dumha seleçom que impede o meu país poder disputar e existir no ámbito desportivo. Também som dos que, como muitas galegas e galegos —e nom só polas minhas raízes lusas—, adota a postura de querer que o nosso país irmão Portugal leve todas as vitórias possíveis. Mas o certo é que toda esta realidade gera em muitas de nós um absoluto sentimento de orfandade e desamparo.

A Galiza é um país que conta com umha estrutura social mui ligada à atividade desportiva. A Galiza também foi um país maltratado historica e sistematicamente durante séculos na procura da eliminaçom de todos os seus traços identitários. Neste senso, as seleçons desportivas nacionais som de especial releváncia no desenvolvimento do sentimento coletivo dum povo, pois alimentam o sentir e o orgulho de pertença a umha coletividade, a umha naçom. O desporto joga um papel fundamental no sentir coletivo e na coesom social dum povo. É por todo isto que o espanholismo, também instaurado nas Federaçons Galegas e na Junta da Galiza, nom quer, já nom só permitir a oficialidade da seleçom galega, senom nem sequer deixar a nossa seleçom disputar jogos amigáveis.

Para além disso, instaurou-se também a falsa ideia de que as seleçons galegas, mesmo tendo o direito, puidessem ter a capacidade de competir dignamente. O certo é que a Galiza no desporto, como em muitos outros ámbitos, também conta com especiais potencialidades. No entanto, é a situaçom de dependência a principal causa de ocultaçom e distorçom deliberadas em todos os logros e palmarés dos e das desportistas galegas. Temos referencialidade a nível mundial em muitos desportos, contamos com medalhistas olímpicos e olímpicas, bem como com campeons e campeoas europeias e mundiais.

O povo galego precisa mudar a direçom do rumo. Devemos ser nós quem pulemos por um novo status nacional, também no desportivo, para permitir a oficialidade das nossas seleçons em todas as disciplinas desportivas em pé de igualdade com qualquer outra naçom do mundo. Porque se bem o povo galego é vítima da assimilaçom cultural, estou certo de que, tendo seleçons galegas próprias, a coesom social e a estima coletiva aumentariam dum jeito exponencial no orgulho de sermos galegas e galegos. Existem casos de naçons sem estado próprio, como as do Reino Unido, que som oficiais e competem internacionalmente com as suas seleçons. A Galiza nom há de ser menos, devemos ter claro que a existência e desenvolvimento material das seleçons galegas supom umha luta de vital importéncia para o nosso projeto de emancipaçom nacional. Porque se há seleçom galega, há hino galego, há içamento da nossa bandeira, há cânticos próprios e há estima coletiva, certamente, estaremos muito mais perto da plena soberania e emancipaçom do nosso país, a Galiza.

Deixa unha resposta

O teu enderezo electrónico non se publicará Os campos obrigatorios están marcados con *